Jornalismo francês e Albert Camus


Por Pedro Zambarda de Araújo. Feito em 2009.
Texto publicado originalmente na revista Anagrama, da Universidade de São Paulo (USP)


Resumo / Abstract


Exposição e análise dos editoriais e textos jornalísticos do escritor franco-argelino Albert Camus no periódico da Resistência Francesa Combat. Originalmente, é parte de uma tese de iniciação científica chamada O Jornalista Albert Camus. A imprensa francesa, principalmente através do trabalho sociológico de Érik Neveu, é também apresentada para situar o jornalista engajado que Camus foi durante a Segunda Guerra Mundial.

An article with the exposition and the analysis of the editorials and texts made by the franc-algerian writer Albert Camus in the clandestine journal of the French Resistance, “Combat”. Originaly, this is a part of a thesis of scientic initiation called “The Journalist Albert Camus”. The french press is, specially in the sociological work of Érik Neveu, also presented to point out the engaged journalism of Camus during the World War II.

Palavras-chaves: Albert Camus, jornal Combat, Segunda Guerra Mundial, França, Resistência Francesa, imprensa clandestina, Argélia.

Key-words: Albert Camus, journal “Combat”, World War II, France, French Resistance, clandestine press, Algeria.


1 – Introdução: A importância do jornalismo para entender Camus

Se Albert Camus tivesse escolhido, meticulosamente, sua profissão, provavelmente teria sido juiz. É uma dedução arbitrária, e está longe de ser uma verdade concreta, embora haja uma crítica de juízo moral expressa pelos textos de Camus em seus livros, artigos, ensaios. Tornou-se jornalista pelo dom de retratar a realidade, após cursar filosofia e trabalhar em jornais da Argélia e na editora Gallimard, na França.

Caso ele realmente se tornasse juiz, não teria percorrido a carreira de direito para advogar em nome de alguma pessoa. Provavelmente iria defender o equilíbrio por uma moral humanista, advogando pela democracia que se faz pelas leis, contra injustiças cometidas tanto nos períodos de guerra quanto nas épocas de paz.

Foi dessa forma que participou socialmente como jornalista e, por conta disso, exerceu juízos moralistas de uma maneira coerente e honesta com as leis, que lhe valeu o reconhecimento europeu, tanto literário quanto na imprensa, principalmente a francesa. Isso fica explícito em suas contribuições para o jornal clandestino Combat, entre 1944 e 1947.

Nascido em Mondovi, Argélia, Albert Camus teve uma vida cerceada por dificuldades financeiras, devido à sua origem humilde. Destacou-se, por um esforço de sua parte, como intelectual no jornalismo, na literatura de suas publicações ou na sua filosofia pessoal que ele mostra nos textos e idéias. Abordou assuntos como ética, a chamada “teoria do absurdo” e política.

Embora seja dado pouco enfoque em sua biografia jornalística no Brasil, sua participação na imprensa pode ser notada em diversos periódicos. Um exemplo é a famosa revista Paris-Soir , na qual ele teve discordâncias políticas claras com sua linha editorial sensacionalista durante a primeira parte da Segunda Guerra, entre 1939 e 1941, além do jornal clandestino da Resistência Francesa, chamado Combat, foco desse trabalho. Albert também não se restringiu ao jornalismo francês, tendo colaborado com os periódicos argelinos como o Alger-Repúblicain e o Le Soir-Républicain, ainda que fossem escritos em língua francesa e não em árabe.

A conexão jornalística de Camus é explícita até em seus críticos: Roland Barthes resenhou sobre A Peste como se o livro fosse uma crônica, um registro histórico que se apodera de recursos literários. Em resposta, Albert Camus fez sua defesa do formato de romance sobre a moral humana, embora os dois tenham concordado que o enredo é uma metáfora sobre a situação européia durante a ascensão nazista.

Esse “juiz” pode ser visto na vida e obra de Camus, que se supõe existir, está mais claro através da pesquisa mais específica englobando principalmente sua carreira jornalística. Dessa forma, relendo os artigos publicados em Combat, além da investigação nos livros de ficção, podemos dar um balanço do que Albert Camus pretendia em seus julgamentos, em sua luta por uma moral democrática, que permite a liberdade, mas que deseja justiça e igualdade equivalentes.

Neste trabalho será feita uma leitura de trechos de alguns de seus artigos para constatar se esse “julgador” que militou pelo jornalismo realmente existiu, com comentários que procuram esclarecer tanto o que ele escreveu quanto o que se descobriu com uma pesquisa inicial nos artigos de Combat.

2 – Camus no exercício do jornalismo

Em pesquisa feita por Jacqueline Lévi-Valensi, e traduzida para o inglês por Arthur Goldhammer, na edição lançada pela Pricetown University, Camus at Combat: Writing 1944-1947 reúne artigos publicados pelo franco-argelino durante a Segunda Guerra Mundial, na França. No primeiro capítulo do livro, já encontramos textos sobre um tipo de jornalismo que Albert Camus considerava vital para seu período – tempo de guerra mundial e crises sociais – e que ele contribuiu para fazer crescer na Europa. O texto é de julho de 1944, sem especificação de qual dia foi, e chama-se A Profissão de Jornalista.

Jornalismo clandestino é honrável porque é uma prova de independência, porque envolve um risco. É bom, é saudável, tudo o que tem haver com os atuais eventos políticos têm se tornado perigoso. Se há algo que nós não queremos ver novamente, é a proteção da impunidade por trás de quem com um comportamento tão covarde e com muitas maquinações uma vez teve refúgio.

(CAMUS ALBERT In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 9)

O texto não possui uma autoria certa, uma vez que não há assinatura. A própria pesquisadora Jacqueline afirma que há semelhanças de “tom” entre os textos de Pascal Pia, editor-chefe dessa época de Combat, e os do próprio Camus. No entanto, é certo que as opiniões são condizentes com as de Albert, pois é um jornalismo compatível com os tempos de guerra e com a urgência social de notícias que ele viveu, e que custaram vidas humanas, muitas vezes.

Tornando-as honráveis atividades, política e jornalismo vão ser obrigadas, um dia, a julgar aqueles que as desonraram...

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 9)

O jornalismo então, a partir desse artigo, é retomado diversas vezes pelo franco-argelino. A França anteriormente era dominada por uma imprensa burguesa, com alguns traços populares do pós Revolução Francesa de 1789, e composta por colaboradores sem formação especializada e com reflexos de uma revolução industrial tardia em comparação à Inglaterra, por exemplo. Esses jornais serão drasticamente transformados na Primeira Guerra Mundial, mas a Segunda Guerra transfigura os jornalistas franceses – o interesse financeiro dá lugar ao serviço social. O burguês cede espaço ao proletariado de franceses em ascensão, a esquerda política contesta o milenar cristianismo nacional e os valores passam a ser outros.

Entre 20 e 25 de agosto, Paris é libertada do controle nazista pelas forças da Resistência Francesa. A luta prossegue até as montanhas dos Vosges, no nordeste francês, enquanto o país se prepara para reorganizar seu governo sob a forte influencia do general de Gaulle e dos Aliados, principalmente os Estados Unidos e a Inglaterra.

Assim, em 31 de agosto de 1944, Albert Camus escreve um texto que reflete o surgimento de um novo tipo de jornalismo, vindo de outro grupo de indivíduos, fora da esfera da burguesia. Trabalham para outro tipo de sociedade, não rigorosamente demarcada por uma aristocracia rica que detém toda a cultura escrita, mas repartida entre os populares e proletários vindos de uma educação a nível nacional.

O que nós queremos? Uma imprensa que seja clara e viril e escreva em um estilo decente. Quando nós sabemos, como nós jornalistas temos conhecimento nesses últimos quatro anos, que escrevendo um artigo pode trazer você até a prisão ou te matar, fica claro que as palavras tem valor e devem ser mensuradas cuidadosamente. O que nós estamos esperando é restaurar a responsabilidade jornalística com o público.

Albert Camus

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 22)

Os obstáculos que o jornalista enfrenta, às vezes cedendo ou superando aos interesses, estão sempre presentes. Camus contraria o conhecimento popular “nós oferecemos apenas o que o público quer”. Albert supõe, com uma boa dose de ética, refletindo sobre importância de sua profissão, que os leitores e espectadores da imprensa, na realidade, são habituados e manipulados para receber as informações da forma que lhes é apresentada. O procedimento do jornalista deve mudar, junto com toda a sociedade francesa que ele vislumbra, teoriza e luta para que seja feita: democrática, equilibrada e justa, após os traumas da Segunda Guerra Mundial.

Nós também devemos considerar o jornalismo das idéias. Previamente, nós apontamos que a imprensa francesa deixa algo a desejar quando vem com sua concepção de notícias. Jornais procuram informar seus leitores rapidamente do que informa-los bem. A verdade não é beneficiada nessa opção de prioridades.

Albert Camus

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 32)

O trecho acima é e outro artigo, chamado Jornalismo Crítico, escrito e assinado por Camus em 8 de setembro de 44. Ele exemplifica o porquê de Albert criticar os artigos de outros jornais: ele busca um jornalismo que informe bem, não de forma superficial. Podemos criticá-lo por defender somente seu viés em discussões com jornalistas do Le Figaro . No entanto, é bem pertinente sua observação sobre os métodos de jornalismo. Essa forma de formar opiniões sobre a profissão e suas conseqüências consolidou seu espaço no Combat, pelo que é possível perceber já nos primeiros artigos devidamente assinados.

Abordando tendências políticas dentro do jornalismo, após as narrativas sobre a situação alemã e o avanço francês na guerra, Camus dedica o editorial de 7 de outubro de 1944 para criticá-las. O jornal Combat adotou uma postura contra os anticomunistas, alegando que são “um caminho para a ditadura”, segundo seus próprios preceitos. Albert procura não associar o jornal às tendências comunistas, e também desmente que o jornal possua qualquer postura. Na realidade, ele declara que há um objetivo dos jornalistas além dessas posições ideológicas.

Jornalismo não é reconhecido como escola de perfeição. Pode ser necessária uma centena de matérias de jornal para fundamentar uma única idéia claramente. Mas essa idéia pode esclarecer outras, provida da mesma objetividade que foi feita na sua formulação, empregada na investigação de suas implicações.

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 64)

A forma de jornalismo defendida pelo escritor argelino é colocada em prática no editorial do dia 14 do mesmo mês. Camus, que chegou a elogiar os procedimentos do primeiro-ministro britânico da época, Winston Churchill, criticou tanto a posição dos ingleses quanto dos norte-americanos durante a guerra. A narrativa direta de Albert sintetiza suas idéias e o contexto da época, que era a luta contra ditaduras e a restauração dos países afetados pelo conflito.

A diplomacia americana hoje se encontra em uma situação paradoxal. Carregam uma guerra contra o fascismo enquanto mantém relações oficiais com uma das maiores regimes ditatoriais e se recusando a reconhecer um governo nascido do embate contra o opressor hitlerista.

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 72)

Essa luta pelo reconhecimento nacional no jornalismo, pela reconstrução da França e sua consolidação como país, reunidos com os princípios da Resistência Francesa, fez com que Albert Camus criticasse os artigos de François Mauriac, jornalista do Le Figaro, que defendiam um tipo de franceses, com idéias que não, necessariamente, compactuam das opiniões do movimento. A briga e a disputa profissional com Le Figaro se prolongaram em outras ocasiões. Camus questiona, na série de matérias Justiça e Guerra, de Mauriac, se há, realmente, alguma diferença entre o país e o movimento da Resistência Francesa, acusando-o de defender algo diferente do interesse público em restaurar o país. O editorial de 20 de outubro de 1944, sem assinatura, mas com uma escrita que caracteriza seus textos, traduz integralmente essa idéia.

A voz não é única como aparenta. Senhor Mauriac concorda que representamos apenas a Resistência, mas nós fomos bobos o bastante para pensar que a Resistência foi idêntica com a França. Se nós precisássemos de um papel que represente algo diferente da resistência do povo francês, qual deveria representar?

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 80)

No dia seguinte ao ataque irônico contra François, 21, Camus fez outro editorial ainda sem assinar no Combat. Nessa introdução do jornal, Albert faz um paralelo interessante entre o conceito de “revolução” que ele e o jornal defendem, que renovará a sociedade punindo traidores, enquanto há o conflito que se segue em território alemão, também derramando sangue francês.

Nem podemos nós esquecer que em ambos os casos a vida dos franceses estão em fadadas: o melhor de nós terá que morrer na guerra e nós destruiremos os piores de nós na revolução.

(CAMUS, Albert. In: LEVI-VALENSI, Jacqueline. Camus at Combat: Writing 1944-1947. 2006. p. 82)

Camus não deseja apenas que a França ganhe a guerra – deseja uma vitória com a verdade, a maior das virtudes morais, que acabaria com suas crises internas e apontaria os verdadeiros culpados. Caso o país não encontre sua realidade no conflito, pagará caro pelos seus deslizes. Ele direciona o ativismo para uma renovação que, além de acabar com os estrangeiros, acabe com os executores, os bandidos e os maus compatriotas internos. Quando isso não ocorreu, também não houve um sucesso em dar o tratamento justo a todas as tragédias presenciadas.

Esses artigos, que ficam entre a autocrítica da imprensa e a discussão sobre as mazelas da guerra dão uma demonstração de como Camus situou assuntos atemporais e, simultaneamente, importantíssimos para a época. Na elaboração deste trabalho, foram feitas as leituras de cerca de 165 textos, separados em 138 editoriais e 27 artigos . Embora seja apenas um periódico, o Combat, é uma excelente demonstração.

3 – As particularidades do jornalismo francês

O sociólogo Érik Neveu traça em Sociologia do Jornalismo estudos singulares sobre as diversas tendências jornalísticas mundiais . Sobre a prática profissional na França, ele categoriza um antagonismo inicial: não há a figura do trabalhador especializado, mas sim colaboradores nos periódicos. Esse ofício fez com que personalidades como Honoré de Balzac se lançassem na literatura, além do trabalho jornalístico ser um local propício para a construção da imagem pública de um político, de uma pessoa que nutre ambições sociais.

Essa visão abrangente sobre esse tipo específico de jornal segue nas explicações de Neveu – o jornalismo é totalmente inclinado para a literatura nos primórdios da imprensa francesa. Homens exemplares acabam criando uma cultura de ajuda, de repartir experiências, ainda fora da competição entre os profissionais que se criou ao longo dos anos, principalmente no começo século XX, na própria França.

Nenhum dos personagens descritos fez entrevistas. A competência dos jornalistas é literária, feita no talento polêmico, de pirotecnia retórica. Múltiplas premissas manifestam essa inclinação literária do jornalismo francês. As publicações que fazem decolar uma imprensa de massa (La Presse, de Giradin, em 1839; Le Petit Journal, de Millaud, em 1863) se utilizam de um produto de apelo que é o folhetim redigido por célebres penas (Balzac, Dumas, Hugo, Sue). De Zola a Camus, essa tradição de cooperação tornou-se um traço do jornalismo francês, cujos monstros sagrados (Londres, Bodard) associam a figura do escritor à do repórter.

(NEVEU, Érik. In: Sociologia do Jornalismo. 2006. pág. 28)

Desses folhetins, surgiram livros, um processo semelhante ao aclamado New Journalism norte-americano. Do artigo publicado, ou de vários deles, fragmentados em diversas edições, emergiram obras inteiras, ampliadas e consideradas na universalidade da linguagem literária. Entretanto, é necessário frisar que a semelhança entre esses dois fenômenos – o jornalismo tipicamente literário que demarcou a França e o jornalismo americano que convergiu para o formato dos livros – acaba mostrando diferenças ao investigarmos seus fundamentos.

No trecho que Neveu traça um panorama das faculdades de jornalismo francesas na atualidade , é expressivo o baixo percentual de formados no exercício da profissão: 12%, no ano de 1999. Mesmo com um centro de ensino superior formado em 1924, em Lille, a carreira não sofreu um aperfeiçoamento metodológico como em outras partes do mundo.

Apesar de tais considerações, categorizar os franceses como jornalismo “inferior” é uma noção precipitada e mal-revisada, pois a imprensa atual foi diretamente afetada pelo fenômeno da globalização. Essa comunhão de mídias de locais totalmente distantes (utilizando internet e as tecnologias de rede), pela aquisição de informações fora do país em uma velocidade muito superior (comparado a cinqüenta anos atrás), gerou um standart maior de jornalismo: surgem mais empregos de freelance e trabalhos temporários que cortam o número de profissionais com trabalho fixo. Há o fenômeno das assessorias de imprensa e as fontes que fornecem informações voluntariamente através de formatos “prontos” de press releases, além do jornalista contratado que se restringe nas redações e nas edições , indo pouco para a rua, seja para fazer uma simples nota ou uma reportagem.

Neveu coloca, de maneira bastante coerente e comparativa, comentários de jornalistas franceses sobre os ingleses e vice-versa. Essas críticas abrem, de maneira clara, o que fundamentalmente diferencia, em termos gerais, o conceito jornalístico na Inglaterra / Estados Unidos (anglo-saxão) e na França.

A informação em excesso [...] transformou o jornalismo, matou os grandes artigos de discussão, matou a crítica literária, deu cada dia mais espaço às notas, às notícias grandes e pequenas, ao processo-verbal das reportagens e das entrevistas.

Do escritor Émile Zola, sobre o modelo norte-americano de jornalismo, escrito em 1888.

Os jornais alemães, ingleses, belgas, italianos, suíços são informativos e instrutivos, mas geralmente mal escritos e tediosos. O jornal de Paris não informa nada, ou explica de forma incompleta, mas é interessante mesmo assim, porque seus jornalistas são os primeiros do mundo na habilidade da escrita e na arte de manejar um artigo.

Do correspondente do La Gazette de Lausanne, Édouard Secrétan, em 1902.

(NEVEU, Érik. In: Sociologia do Jornalismo. 2006. pág. 27)

Essas particularidades são constantes objetos de estudo textual, sociológico ou político no jornalismo. Embora se apliquem de maneira geral nas diversas imprensas que surgem em escala mundial, há, em determinados jornalistas e contextos históricos, o uso maior de um vocabulário literário ou de uma “automação ” da notícia.

O contexto particular de uso de recursos literários é o caso do New Journalism norte-americano. O trabalho de Carlos Rogé Ferreira examina as críticas do modelo mais mercadológico do jornalismo inglês, do “facts, facts, facts”, segundo Érik Neveu, e percorre livros como Miami e o Cerco de Chicago e Os Exércitos da Noite, de Norman Mailer; O Teste do Ácido do Refresco Elétrico, de Tom Wolfe; Os Honrados Mafiosos, Gay Talese; Lúcio Flávio – O passageiro da Agonia e Aracelli, Meu Amor, de José Louzeiro; além de Rota 66, Caco Barcellos. Dessa forma, o pesquisador também aborda esses formatos do New Journalism, também colocado em livros-reportagens e os chamados “romances da realidade”, líderes de venda atualmente, em comparação com a literatura mais imaginativa e clássica.

Esse livro chama-se Literatura e Jornalismo: Práticas Políticas. Em um texto que tem como suporte as próprias obras literárias ligadas ao jornalismo, Rogé mostra como Norman Mailer tornou o New Journalism público através de um exercício fora dos parâmetros jornalísticos. Enquanto isso, Tom Wolf foi famoso por trazer assuntos polêmicos para o campo público, como drogas ilegais, o LSD e a vida errante que deu origem aos famosos junkies.

Através de um leque distinto de exemplos, citando inclusive autores de livros brasileiros, como Barcellos, Rogé traz um estudo que relaciona, isso sim, elementos da contracultura e literatura beat , que é norte-americana, da década de 1950, com movimentos sociais dos hippies nos anos 60 e a ascensão de autores jornalistas críticos, posteriormente. Norman Mailer e Gay Talese influenciaram os jornais e livros do mundo todo durante o século XX.

Todos esses personagens se manifestaram contra a Guerra do Vietnam , assunto em voga principalmente em 1967, e criaram uma consciência questionadora sobre o contexto de seu tempo, repercutindo futuramente na globalização. O endurecimento dos governos, mesmo travestidos em regimes democráticos, marcou todo o período de Guerra Fria e ainda permanece hoje no contexto mundial, como algo a ser considerado nas ações políticas de protesto.

Dessa forma, o jornalismo praticado no universo anglo-saxão, norte-americano, é ainda muito técnico. O resgate de padrões literários, que não são imparciais como o jornalismo standart, vai contra, de certa forma, aos jornais submissos às hierarquias tanto profissionais quanto práticas, do lead e da chamada “pirâmide invertida”. Por isso, busca-se um protesto nos textos opinativos, uma forma de expressar o que é censurado e editado nos veículos convencionais, trazendo grandes reportagens. Aqui no Brasil, através dos livros-reportagem e das revistas que criaram verdadeiros profissionais na literatura embutida no jornalismo, como a Realidade nos anos 1960, também havia o pretexto de contestar o regime militar que comandava o país na época, de certa forma agindo similarmente à crítica norte-americana.

Diferentemente disso, os jornais franceses exprimiam uma literatura vinda de sua “raiz”, de suas origens como instituição imprensa. Trata-se de uma cultura formada em suas bases, não em seus protestos. Além dessas diferenças estruturais, a inserção literária nos artigos norte-americanos é um protesto e um canal de manifestação dos jornalistas que questionavam a sociedade e os governos, não como os franceses, que possuíam essa forma de texto integrado à imprensa.

4 – Camus como sujeito pós-moderno

Os estudos culturais souberam utilizar antropologia, política econômica, sociologia, teoria da comunicação e todos os seus desdobramentos como instrumentos de comprovação científica, portanto, podendo ser testados através de uma experimentação adequada. Stuart Hall se inseriu nesse contexto popularizando esse estilo de estudo, entre os anos de 1970 e 1979 . De origem jamaicana, da cidade de Kingston, o estudioso, assim como Albert Camus veio da Argélia, se diferenciou dos demais fundadores desse setor de investigação, como os ingleses E.P. Thompson e Raymond Williams, por ter vivido em um país subdesenvolvido.

No livro A identidade cultural na pós-modernidade, de Hall, ele inicia um pequeno e significativo estudo panorâmico tanto na área de antropologia quanto no setor sociológico. Realiza seu trabalho através de três concepções de identidade - sujeitos do iluminismo, que é centrado na razão e nos preceitos filosóficos típicos da época da Revolução Francesa; sociológico, que é afetado pela conjuntura de indivíduos e fatos, não sendo totalmente auto-suficiente; e o pós-moderno, representado pelas contrariedades interiores e exteriores baseadas no contexto mundial típico da segunda metade do século XX .

Se sentimos que temos uma identidade unificada desde o nascimento até a morte é apenas porque construímos uma cômoda estória sobre nós mesmos ou uma confortadora ´narrativa do eu’.

(HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 2002. Pág. 13)

Nessa afirmação de Hall, Camus poderia se encaixar em uma pessoa tipicamente moderna que perdeu seus ideais diante do pós-modernismo que surgiu dos conflitos entre a Resistência Francesa e o governo de Vichy, além de outros eventos que ocorreram em torno da Segunda Guerra. Albert Camus poderia ser categorizado como um sujeito que possuía conceitos moralistas clássicos e democráticos que se perderam diante da realidade competitiva, paradoxal, muito distante de um ideal “sociológico”.

Seria alguém entorpecido pelo que Stuart Hall define por “fantasia”.

No entanto, uma investigação mais detalhada não necessariamente contradiz essa teoria, mas apresenta novos preceitos: se Camus fosse realmente um sujeito totalmente voltado aos ideais iluministas que forjaram a modernidade, conforme Hall aponta nesse livro, ele não seria contra as revoluções armadas ou qualquer forma de execução pública, valorizadas nesse período histórico. O argelino era, isso sim, fundamentado por um conceito político-filosófico mais profundo de democracia. Ele a expressava criticamente em seus livros , como um resgate da utilidade do sistema legislativo em seu conceito mais fundamental, contra os governos feitos puramente por decisões executivas, portanto, parciais e injustas.

Tais conceitos e perspectivas sociais e governamentais nunca se concretizaram, mesmo com as investidas jornalísticas de Albert Camus no jornal Combat, na conclusão da Segunda Guerra Mundial. No entanto, pela configuração mundial formada pelos países que venceram o conflito, os artigos críticos escritos em 1944 até 1947 pelo argelino adquirem um tom de atualidade jornalística crítica justamente pela não concretização de seus anseios. Camus, dessa forma, se encaixa nos primórdios da pós-modernidade com um típico e marcante traço dessa geração: a fragmentação de seus ideais diante da não-realização deles, tanto pela falta de interesse da hegemonia, conforme Hall alega. Faz isso recorrendo aos conceitos de Antonio Gramsci, quanto aos incertos rumos que a globalização e sua relação com uma cultura local estão tomando.

A integração da cultura local, dos “regionalismos”, na globalização, tanto da época de Camus quanto nossa, gera reações diversas com os impactos e as integrações entre países, a aglutinação de culturas e sociedades totalmente distintas. Stuart Hall afirma que há uma “dialética das identidades”, principalmente com os anglo-saxões, norte-americanos e ingleses, presentes como cultura preponderante a nível mundial pós-1945.

Sempre houve uma tensão entre essas identificações e identificações mais universalistas – por exemplo, uma identificação maior com a “humanidade” do que com a “inglesidade” (englishness).

(HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 2002. Pág. 76)

O hibridismo presente das diversas origens do jornalismo regional até a cultura fragmentada do pós-modernismo, que Hall categoriza e trata como dialético, coloca Albert Camus como o “estrangeiro”. Ele, em terras francesas, empregou seu moralismo como uma nova alternativa de comunicação na imprensa.

A publicação volume 8 nº1 da revista Communicare , do 1º semestre de 2008, trouxe uma artigo do professor Ciro Marcondes Filho com o título de Stuart Hall, cultural studies e a nostalgia da dominação hegemônica. Discorrendo desde a lingüística de Sassure no começo do século XX até a sociolingüística do francês Pierre Bordieu na década de 1960, o pesquisador traça sob qual contexto e tendências surgem os estudos científicos de Hall sobre a formação cultural. Ciro destaca o conceito de hegemonia presente em Stuart Hall e como ele se alinha aos interesses de uma nova esquerda que estava surgindo no mundo, após os ataques soviéticos em Budapeste, no ano de 1956, surgindo, formalmente, uma crítica ao socialismo soviético.

O professor Marcondes frisa o quanto os sociolingüistas se diferenciavam da chamada “gramática gerativa”, que generalizava a lingüística com o uso de regras matemáticas para normas ditas “universais” e foi fortemente divulgada e teorizada por Noam Chomsky, um dos maiores nomes do MIT e da esquerda norte-americana . O professor da USP também caracteriza fortemente a crítica ao marxismo feita por Antônio Gramsci nos primórdios da Segunda Guerra Mundial. Qual é o ponto de encontro de todas essas discussões teóricas? Elas firmam as teorias de Stuart Hall sobre o sujeito pós-moderno, tantas vezes citado nessa pesquisa.

Stuart Hall é um intelectual e ao mesmo tempo um ativista político que emergiu de forma espantosa nas últimas décadas, especialmente nos Estados Unidos, onde se tornou uma espécie de moda intelectual, em contraposição à lingüística oficial e às suas tendências monopolistas e dominadoras, como veremos adiante, mas, também, contra a “novíssima esquerda” do campo dito “pós-moderno”, não poupando a nenhum de seus representantes, se bem que aproveitando parte de suas contribuições. É, talvez, no quadro atual, o único nome de relevância no pensamento de esquerda que ainda mantém prestígio e ressonância dentro desse espectro político e intelectual.

(MARCONDES F., Ciro. Stuart Hall, cultural studies e a nostalgia da dominação hegemônica. In: Communicare volume 8 nº1. 2008. p.28)

Ciro critica veemente o marxismo de Hall, caracterizando-o como “vestígios” da forma mais clássica do socialismo e recriminando esse pensamento. Porém, o estudioso também categoriza suas teorias como “abertas”, sobretudo quando adquirem um caráter gramsciniano na esquerda política e, portanto, contrário às teses econômicas mais ortodoxas do estruturalismo da década de 70, como as de Louis Althusser.

Isso se deve, possivelmente, ao fato de Hall ser um homem aberto às novidades, ser ilimitado, sempre buscando se renovar e aceitar novas influências que somem com o seu trabalho. Ele tem uma visão de cultura como processo, como produção, como espaço altamente vivo e criativo, dotado de grandes capacidades de resistir e de reagir às imposições deformantes, especialmente da cultura de massas.

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Hall utiliza-se do mesmo raciocínio “flexível” para falar de metáforas. Gramsci dizia que se deveria sair da guerra de manobras para se ingressar na guerra de posições. Era a metáfora da luta política de sua época. Hall a reatualiza para a necessidade atual de se adaptar às circunstâncias. Diz que não opera simplesmente a substituição de uma metáfora por outra, mas “se é surpreendido no meridiano que divide as duas variantes da mesma idéia” e fica-se suspenso entre ambas, abandonando-se uma, sem contudo, transcendê-la, movendo-se para outra, sem englobá-la inteiramente.

(MARCONDES F., Ciro. Stuart Hall, cultural studies e a nostalgia da dominação hegemônica. In: Communicare volume 8 nº1. 2008. p.28 e p.30)

A análise se extende em detalhes sobre estudiosos contemporâneos de Hall, como Michel Foucault e Jean Baudrillard, além de temas como a recepção na comunicação e como Hall se apropria do conceito de hegemonia , que estão além da caracterização pós-moderna. A crítica do professor Ciro Marcondes Filho é um excelente texto para compreensão do intelectual jamaicano, com enorme bagagem teórica e biográfica do objeto estudado.

A hegemonia como discurso social para Hall, de certa forma, também se reflete no pensamento de Albert Camus, principalmente quando o argelino propõe uma revolução moralista, contra as mudanças que o capitalismo emergente (e ideológico) estava causando tanto na imprensa, quanto na sociedade.

5 – Conclusão

Esses poucos artigos mostram que Albert Camus prestou serviços sociais diretos ao instigar a reflexão. Não fez apenas isso sobre sua carreira particular ou sobre as circunstâncias de maneira rasa, mas emitiu opiniões e conquistou leitores. Fez uma prévia do que conquistaria nos anos subseqüentes.

Isso, esse conjunto de princípios, não desmerece ou altera o valor de seu trabalho literário, mas amplifica os assuntos cuja familiaridade, para ele, era íntima. Os textos publicados em jornais mostram o caráter crítico incorrigível de Albert , sendo uma fonte preciosa para estabelecer a ligação entre a história desse argelino e a mídia mundial. Ele foi, de fato, um jornalista “escondido” pelo brilho de ter ganhado um Nobel de Literatura, em 1957.

Questões de “moralismo e política” que predominaram nos livros, foram boa parte da ideologia particular e prática que Camus idealizou e escreveu em Combat. Isso interliga as obras de maneira que não desmerece nem uma parte e, muito menos, as outras.

No Brasil, por conta do golpe militar de 1964 e a instauração de um governo de caráter ditatorial, a literatura de Albert Camus provavelmente não foi melhor divulgada por sua associação aos movimentos socialistas da Resistência Francesa. Além disso, o pouco de livros de esquerda que eram difundidos em nosso país sofria censura pelos próprios engajados políticos do Brasil, que não aceitavam críticas ideológicas ao socialismo, como Camus fez, mesmo tendo colegas que compactuavam desse ideário. Livros como O Homem Revoltado tiveram uma repercussão muito negativa após as críticas de Jean-Paul Sartre, o que gerou rompimento entre ambos em 1952.

Considerando essas circunstâncias, as obras jornalísticas de Albert Camus não foram traduzidas e não há muito interesse entre os estudiosos humanísticos brasileiros em trazer tais textos a público, com poucas exceções. Em traduções britânicas , ou mesmo nos textos originais franceses, a mensagem universal do jornalismo camusiano permanece escondida e merece um tratamento distinto, tanto de edição quanto de pesquisa . Jornais como Alger-Repúblicain e L´Express são exemplos que o trabalho de Camus não foi homogêneo e que pode trazer novas interpretações sobre o começo da Guerra Fria.

Os registros jornalísticos de Albert Camus em Combat possuem uma importância própria que podem servir de inspiração ao futuro jornalista, ou apenas para a pessoa que admira esse trabalho de imprensa engajada. Michel Winock faz um relato bem específico sobre o jornal Combat e seus integrantes no livro O Século dos Intelectuais.

Combat sobressai de imediato em toda essa imprensa. Pia (diretor) e Camus (redator-chefe) conseguem torná-lo, conforme pretendem, um jornal independente, nem partidário nem estipendiário, nem “popular”, nem oficial. Naquele momento, uma das principais contribuições de Camus terá sido sua exigência de um jornalismo de alto gabarito, fundado em uma deontologia – “um país vale, muito frequentemente, o que vale sua imprensa”.

(WINOCK, Michel. O Século dos Intelectuais. 2000. cap.43 “As lutas de Camus”)

Albert Camus é um autor de mistérios e de esclarecimentos – um africano que se destacou pelo Nobel de Literatura de 1957, um simpatizante do socialismo (quando era amigo de Sartre) que fez críticas a própria ideologia, um jornalista que pregava a reforma do próprio jornalismo, uma reforma da própria ética do ser humano, além ter sido autor de mensagens universais, e curtas, que transmitia por suas máximas, sem cair em equívocos e fazendo diversas reflexões.

Camus definiu sua maneira de encaixar sua arte, sua vida, sua moral. “Nenhuma grande obra [...] nunca se fundamenta verdadeiramente no ódio ou no desprezo. Em algum lugar de seu coração, em algum momento de sua história, o verdadeiro criador acaba sempre por reconciliar. Ele atinge então a medida comum na estranha banalidade em que se define [...] Se o artista não pode recusar a realidade, é porque ele tem por encargo dar-lhe uma justificação mais elevada . Como justificá-la se decidimos ignorá-la? Mas como transfigurá-la se consentimos em nos submeter a ela?” Cada página escrita e bem-sucedida foi uma amarga vitória para Albert Camus.

(TODD, Olivier. Albert Camus: Uma vida. 1998. p. 779)

Bibliografia

Livros:

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Sites da internet:

Artigo de Albert Camus na Wikipédia, a enciclopédia on-line.
Disponível em português em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Albert_Camus
Disponível em inglês em: http://en.wikipedia.org/wiki/Albert_Camus
Disponível em francês em: http://fr.wikipedia.org/wiki/Albert_Camus
Acessados em: 20 de dezembro de 2007.

RENTERGHEM, Marion Van. Catherine Camus Profession: fille d´Albert, Artigo do no LeMonde.fr, do dia 29 de agosto de 2007. Disponível em:
http://www.lemonde.fr/cgi-bin/ACHATS/acheter.cgi?offre=ARCHIVES&type_item=ART_ARCH_30J&objet_id=1002266
Acessado em: 22 de outubro de 2007.

CAMUS, Albert. Editorial de Combat, 8 août 1945, jornal Combat. Disponível em: http://www.matisse.lettres.free.fr/artdeblamer/tcombat.htm
Acessado em: 12 de novembro de 2008.